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A história do azulejo em Portugal tem os seus primórdios na cultura islâmica dominante em grande parte da Península Ibérica durante a Idade Média.

O grande contributo do Islão para o uso da cerâmica na arquitetura ocidental foi o alicatado, produzido em Granada e em Sevilha durante os séculos XIV a XVI. Tratava-se de um revestimento para pavimentos e paredes, com um efeito estético deslumbrante devido aos complexos desenhos geométricos, à sua refinada execução e à variada e brilhante gama de cores.

Na cultura cristã europeia desse mesmo período era normal revestir os pavimentos com materiais cerâmicos, mas não as paredes. A principal diferença entre os azulejos das catedrais e dos palácios da Europa cristã e os novos azulejos que começam a ser fabricados em Manises (Valência) reside nas cores utilizadas: azul sobre fundo de um branco puro, que superou a sóbria gama de ocres que decoravam os azulejos e ladrilhos europeus. Os azulejos de Manises acabarão por compor os pavimentos mais faustosos dos reinos cristãos e, no século XV, serão o suporte de motivos ornamentais e de mensagens heráldicas, religiosas ou didáticas.

Neste processo de sucessivas melhorias cromáticas, os azulejos de corda seca de Sevilha, decorados com cinco cores, começam, na segunda metade do século XV, a suplantar os azulejos de Manises. Os seus autores eram muçulmanos convertidos à nova religião dominante, que trabalhavam para clientes cristãos. Os seus azulejos fundiram, assim, ambas as culturas numa nova arte mestiça a que hoje chamamos “mourisca”.

Em paralelo com o intenso comércio de azulejos, houve também lugar a encomendas para obras especiais. Clientes dos mais altos estratos sociais, habituados a usarem ricos tecidos de cores brilhantes e bordados para se vestirem e para decorarem as habitações, encomendaram aos ceramistas de Sevilha sumptuosos azulejos com as mesmas características. O conjunto mais atrativo deste tipo de azulejos encontra-se no Palácio Nacional de Sintra e foi encomendado pelo rei D. Manuel I de Portugal por volta do ano 1500.